domingo, 31 de agosto de 2008

A menina

Tudo acontecia tão rápido, tão incontrolavelmente fora do seu controle. A vida estava passando e ela não sabia se estava vivendo ou estava de passagem. É fácil para quem vê de fora entregá-la soluções, como macarrões instantâneos que ficam prontos em três minutos: sua vida resolvida em três minutos! Vou inventá-lo quando crescer...
Ela podia como qualquer pessoa da sua idade adquirir vícios e culpar a juventude, ela bebia... Ela bebia para se sentir alegre e confiante, mas ela não precisava beber sempre, por quê? – Como qualquer garota da sua idade ela não sabia nada sobre nada, nem sobre si, nem sobre os outros. E o que ela desejava saber era tudo.
Ela era uma menina, e como dizia o músico, só uma menina. Um o máximo de menina, um tudo de bom de menina, tão boa como um menino, tão boba como um menino, tão engraçadamente ridícula quanto um menino. Com tão poucas certezas. Com tão pouca sabedoria. Ela era uma menina! E como meninas ela queria abraçar o mundo e dançar com ele e quando se cansasse descartá-lo como um amor que não deu certo e acabou sem feridas. Ninguém nunca a disse que era fácil assim, ninguém nunca a disse o quanto era difícil. Esqueceram de avisá-la.
E agora ela está crescendo, e percebendo a única certeza que a vida dá, você vivendo-a ou não, é: a felicidade não é real, o sofrimento o é. Quer ser feliz? Vá se deitar, feche os olhos, sonhe, e tire todo proveito desses sonhos, porque depois que você acordar, vai ver que foram só sonhos, e acabaram. Vai ver que a gente não perde nada por sonhar, mas perde por viver sonhando, então aproveite! Mas acorde, quando for necessário. E aquela menina? –Espera, ela está acordando!