sábado, 28 de março de 2009

Contínuo

É complicado quando deixa de depender de você,
ou do outro, mas de um mundo ao redor.
É complicado saber que se faz errado e não se poder parar.
É complicado não viver por viver e não agir sem pensar.
Não ter o controle para alguém que viver a se controlar.
Não ter o controle de alguém a quem se quer sempre contar.
Vá lá, viver não depende só de você.

sexta-feira, 20 de março de 2009

O sabor,

É engraçado como tempos atrás, rogava por uma vida tranqüila. Que aquietasse seu coração. Que fosse a mais fácil de todas. O único pedido que o universo realizou em toda sua existência, e como fazia pedidos!
Pedia uma monotonia chata, pedia paz intensa, pedia sorrisos sem lágrimas, pedia, pedia, muitas vezes, por pedir... Mania talvez.

Veio, talvez tenha pedido no horário do angeluz em um dia em que todos os anjos quiseram dizer amém, talvez por terem ouvido tanto, mas tanto esse pedido que pensaram ser real.

Veio, uma vida digna de... Digna de ninguém. Uma vida que percebeu poder ser o final trágico das vilãs nas novelas, quem disse que não era?
Veio a paz, a tranqüilidade, a facilidade, os sorrisos sem lágrimas, a monotonia.
Veio a percepção de que era horrível, a percepção do chato, nunca havia o visto tão de perto. Tão tocável.
Veio em meio aos fins de semana em que não suportava ficar em casa, tal era a tranqüilidade.

Veio o entender de que ela não servia à tranqüilidade, não servia à paz interior, ela queria momentos intensos, queria os choros desesperados e no auge do desespero pedir por paz! Pedir tão desesperadamente para que fosse atendida, mas no ímpeto de não ser...

Sempre admirou os extremos, sempre moveu mundos para conhecer os extremos de quem quer que a rodeasse. Veio a sua mente que os extremos dos outros nunca foram suficientes, veio à sua mente que a fraqueza dos outros não lhe importava. E então mudou o pedido: precisava dos seus extremos e dessa vez rogou desesperadamente pela sua fraqueza, pela sua dependência e que, depois de lhe devolverem seus tesouros, nunca, mas nunca mais aquietassem o seu coração.